terça-feira, 31 de março de 2015

Análise Terminável ou Interminável?

          Em seu livro,  “ O Trauma do Nascimento”, Otto Ranck tentou reduzir o tempo de uma análise, que segundo ele, toda a neurose vinha pelo trauma do nascimento, onde a mãe seria a repressão primeva e que, através da análise do trauma, o sujeito estaria livre de sua neurose. Essa sua teoria, não foi muito bem aceita pelo grupo psicanalítico da época e nos dias de hoje muito menos.
       Freud relata em sua obra Análise Terminável e Interminável (1937), que tentou acelerar a análise, como relata em sua publicação “ O Home dos Lobos” (1918), quando no início do século, faz uma análise de um sonho que seu paciente Sergey Pankejeff  tivera, onde o mesmo rememora uma cena primária do coito dos pais, o que gerou uma neurose infantil. Após essa descoberta, Freud encerra a análise e o paciente retorna a seu país de origem (Rússia). Anos mais tarde esse paciente volta com Freud, porém tinha se tornado um psicótico em decorrência da não continuidade de sua análise e em consequência da falência financeira do pós- guerra(1914-1918). Freud então, volta a atendê-lo,  até se refugiar em Londres com a família e também por causa de sua doença, deixando com seus seguidores,  a continuidade da análise do paciente, que veio a falecer em maio de 1979. Tendo inclusive, um livro publicado com o seu pseudônimo batizado por Freud de o Homem dos Lobos.
        Para Freud, a cura não é uma melhor adequação ao externo, e sim, na possibilidade de retroceder ao passado do sujeito e conhecer melhor as leis  fantasmáticas. Fazendo assim, uma nova leitura, para que  ele possa entender o que o assombra. O efeito dessa nova leitura irá gerar um novo fantasma, porém com maior grau de simbolização formado por deslocamento e condensação. Com isso, faz-se uma nova revisão, que a partir desse ponto, se percebe o interminável de uma análise. A análise é interminável, não dentro do enquadre analítico, onde o processo se esgota, mas sim, no processo da análise em que o sujeito deverá prosseguir utilizando o uso das interpretações na qual adquiriu com a sua experiência de analisando. É claro que para que isso ocorra se faz necessário que o analista tenha lhe entregue um código, o código no qual, o sujeito decifrou o seu enigma.


Por: Luiz Fernando R. Alves

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