Em sua obra a “ A interpretação dos Sonhos” de 1905, Freud faz uma grande revelação de sua descoberta
para a psicanálise, nela o autor afirma que todos os sonhos são desejos
reprimidos no inconsciente. E o que dizer dos famosos pesadelos? Pois é, como
explicar ao paciente que aquele sonho horrível e angustiante era um desejo
reprimido? Segundo Freud o sonho de angústia (pesadelo) vem de forma deformada
e muitas vezes fragmentada em vários episódios durante toda a noite de sono.
Nem sempre nos lembramos de todos os sonhos que ocorrem durante uma noite,
geralmente só o último ou aquele em que nos acorda no meio da noite. Para o
sonhador muitas das vezes esse sonho nada significa, porém para o analista, é
uma peça fundamental do quebra cabeça da análise de seu paciente,
principalmente nas sessões iniciais, onde os mecanismos de defesa do ego ainda
não foram ativados, algo que vem a ocorrer mais tarde quando começam as
interpretações, não só dos sonhos, como do discurso do próprio analisando. Quando interpretamos um sonho de angústia para
o paciente, ele na maioria das vezes não entende bem, os significados dessa
interpretação, e quando concordam ou dizem concordar, nas sessões seguintes ou
os sonhos deixam de ser apresentados na análise ou são esquecidos logo após o
acordar. Por quê? Porque as
interpretações na maioria das vezes estão relacionadas a desejos proibidos, que
para a os valores sociais e religiosos da civilização, seriam inaceitáveis.
Esse seria o motivo de muitas desistências durante a análise, nem todos
suportam ou concordam com as interpretações de seu analista, não que toda
interpretação seja infalível, porém existem sonhos clássicos que Freud já
interpretava em sua análise e que são ouvidos nas sessões atuais, como cair de
um penhasco, entrar ou sair de uma casa, voar, estar despido em público, etc..
São sonhos que se repetem até hoje nos analisandos e mesmo nos sonhos dos
analistas. Analisar um sonho é estar meio caminho de uma boa interpretação de
algum sintoma ou mesmo dificuldade em que o analisando esteja passando naquele
momento. Os sonhos são fragmentos de momentos passados na infância ou juventude
camuflados com acontecimentos do dia atual a análise. Tanto que os sonhos das
crianças são os mais fáceis de interpretar, não possuem tantos mecanismos de
defesa, o ego é mais flexível, o que já não acontece com o ego de um adulto.
Freud sempre falava dos sonhos infantis como os mais simples de interpretar,
porém nos adultos a coisa já é um pouco mais complicada. Um dos sonhos clássicos
e com relação a o paciente que ele denominou como o Homem dos Lobos, pois esse paciente relatou que num sonhos ainda na
infância, ele via de sua janela vários lobos brancos em cima de uma árvore olhando para ele, e
quando ele acordou gritou chamando sua babá. Freud interpretou o sonho da
seguinte maneira: Tratava-se de uma
lembrança de quando ainda muito pequeno presenciou seus pais em ato sexual,
onde a posição do coito (coito por trás) era como a de dois lobos e que no ato
os pais sabiam que ele estava observando, por isso os lobos em cima da árvore olhando
para ele. Foi à partir dessa interpretação que o paciente teve uma melhora acentuada de seus
sintomas neuróticos que tinham origem desse fato ocorrido há muito tempo atrás.
Esse é apenas um exemplo de uma de suas interpretações, ele mesmo interpretava
os seus próprios sonhos, iniciando assim o processo de autoanálise em que todo
analista precisa fazer.