Na concepção psicanalítica,
o que move a existência humana é o fato de sermos seres desejantes, ou seja, a
nossa existência parte do principio que sem
desejo não há motivo para existir. Nos demais seres como os animais o desejo
não existe, e sim a necessidade. Um leão não deseja e sim necessita. Para ele
comer, beber, dormir e se acasalar é o que rege sua existência. Porém para o
homem isso não basta, nossas necessidades vão muito além do básico.
Tomemos com exemplo uma
pessoa que nasceu com poucos recursos e que só tinha o básico para a vida na
sua infância. Com o passar dos anos essa pessoa consegue ascender financeiramente
na vida e o que ela precisava para a sua sobrevivência já não é o suficiente,
principalmente se ela vive em um sistema capitalista que dita que você é o que
você tem e não o que você sabe.
Para
Freud desejar faz parte da singularidade humana, pois segundo o
desenvolvimento psíquico se divide em duas etapas, que são elas :
Eu
ideal e Ideal do Eu.
O
Eu Ideal diz respeito a fase do bebê, quando o fato de sermos o
que somos já nos basta, o que não deve ocorrer em uma fase adulta, pois caso o
sujeito ache que ele é o produto final de sua existência, isso sim o irá torna-lo um ser patológico. Ele não irá promover uma evolução diária em sua
vida e não poderá se relacionar de forma adequada com outras pessoas, pois ele
por si só se basta e quem quiser que o aceite do jeito que ele é. É o que entendemos como Narcismo.
Já o Ideal do Eu é o que faz com que não nos conformemos com a nossa
condição atual, e estamos sempre em busca de melhorar e mudar nossas vidas, o
ideal do eu é o que representa o desejo, desde que não seja de maneira compulsiva,
ele é que representa uma vida plena e de consequentes mudanças,
independentemente da idade. Desejar faz parte da condição humana e de certa
forma é isso que nos faz ir adiante, o que não devemos é desejar o que não é
possível, ou pelo menos o que não está a nosso alcance naquele momento. O que
não quer dizer que em algum momento futuro esse desejo não possa ser
conquistado, mesmo porque segundo Lacan " Ceder na linha do nosso desejo, causa depressão".